Raiva no Peru devido à lei que classifica a transexualidade como “transtorno mental”
Lima:
O governo peruano está sob ataque de grupos LGBTQ+ que convocaram um protesto para sexta-feira contra um novo decreto que classifica o transexualismo como um “transtorno mental”.
Em 10 de maio, o governo atualizou a sua lista de condições de saúde seguráveis – que desde 2021 oferece benefícios para tratamento de saúde mental – para incluir serviços para pessoas trans.
No decreto, o Ministério da Saúde descreve a condição como um “transtorno mental” – um termo obsoleto há muito abandonado oficialmente pela Organização Mundial da Saúde.
Uma manifestação foi convocada em Lima na sexta-feira, Dia Internacional Contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia.
Mas o governo disse que não iria revogar o decreto.
O funcionário do Ministério da Saúde, Carlos Alvadrado, disse à AFP que isso “retiraria o direito aos cuidados”.
O ministério já insistiu anteriormente que não considera a diversidade de género como uma doença e numa declaração expressou “o nosso respeito pelas identidades de género e a nossa rejeição da estigmatização da diversidade sexual”.
Afirmou que o decreto pretendia apenas alargar a cobertura de saúde mental “para o pleno exercício do direito à saúde e ao bem-estar” daqueles que o desejam ou necessitam.
Pessoas transexuais são aquelas que rejeitam o sexo que lhes foi atribuído no nascimento. Alguns optam por intervenção cirúrgica ou médica.
“Exigimos a revogação deste decreto transfóbico e violento, que vai contra as nossas identidades trans no Peru”, disse à AFP a ativista Gianna Camacho, da Coordinacion Nacional LGTBIQ+.
“Não temos doenças mentais e não sofremos de nenhum transtorno mental”, acrescentou.
Um artigo no site da Human Rights Watch descreve o decreto como “profundamente regressivo” num país que não permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo nem que pessoas transexuais alterem os seus documentos de identidade.
“É um decreto que nos faz retroceder três décadas”, acrescentou Jorge Apolaya, porta-voz da Marcha do Orgulho Coletivo, um grupo de direitos humanos com sede em Lima.
“Não podemos viver num país onde somos considerados doentes”, disse ele.
Para Percy Mayta, médico e ativista, “patologizar” as pessoas transgênero “abre a porta para… a terapia de conversão” – que os órgãos da ONU equiparam à tortura e não é ilegal no Peru.
No seu comunicado de imprensa, o Ministério da Saúde do Peru sublinhou que “a orientação sexual e a identidade de género de uma pessoa não constituem, por si só, um distúrbio de saúde física ou mental e, portanto, não devem ser submetidas a tratamento ou cuidados médicos ou às chamadas terapias de reconversão”.
(Exceto a manchete, esta história não foi editada pela equipe da NDTV e é publicada a partir de um feed distribuído.)